🔮 O Legado das Bruxas: Mulheres que Carregavam a Terra nos Olhos
- Lorena Lisboa
- 7 de abr.
- 3 min de leitura
Durante séculos, elas foram temidas. Rotuladas, perseguidas e queimadas. Mas antes de serem chamadas de "bruxas", eram mulheres livres. Guardiãs da sabedoria ancestral, do sagrado feminino, do autocuidado e da cura.
Eram as parteiras, as benzedeiras, as cozinheiras intuitivas, as que anotavam sonhos e presságios, as que preparavam chás e poções com plantas colhidas ao luar. Mulheres com uma conexão visceral com a natureza e com sua própria intuição. Mulheres que escreviam, estudavam os ciclos, observavam o céu e sentiam os ventres. Mulheres que não precisavam pedir permissão para existir.
Sim, elas também fermentavam a própria cerveja — essa arte sagrada de transformar o grão em ouro líquido era uma tradição feminina. Usavam chapéus pontudos como símbolo de sabedoria e status, gatos como companheiros de intuição e independência. Suas receitas eram passadas em sussurros e registros, mas também guardadas na alma.
Com o tempo, essa liberdade incomodou. Quando começaram a movimentar dinheiro, saber demais, curar sem depender das estruturas dominantes, tornaram-se alvo. O fogo das fogueiras queimou não só seus corpos — tentou apagar sua herança.
Mas não conseguiu.
Hoje, cada mulher que escreve sua verdade, que planta suas ervas, que escuta sua intuição, que dança à sua maneira, que se reconecta ao seu poder — está renascendo dessa linhagem. Somos filhas das bruxas que não puderam queimar por completo.
Nosso silêncio não é mais medo, é escolha. E nossa voz é cura.

🌿 Quem eram essas mulheres?
Elas eram curandeiras, parteiras, alquimistas, místicas, escrevedoras, astrônomas, guardadoras de sabedoria ancestral. Tinham profundo conhecimento sobre ervas, ciclos lunares, fertilidade, e cura natural. Eram respeitadas nas comunidades por sua conexão com a natureza, pela intuição aguçada e pela capacidade de ajudar outras mulheres a darem à luz, a se curarem e a se reconectarem com seus próprios corpos.
💰 Por que foram perseguidas?
Durante a Idade Média e a Inquisição, a ascensão dessas mulheres se tornou uma ameaça ao sistema patriarcal dominante — principalmente à Igreja e à estrutura econômica feudal.
Essas mulheres:
Produziam cerveja artesanal (muitas das primeiras mestres cervejeiras da história eram mulheres).
Atuavam na economia local, vendendo ervas, tratamentos e conselhos espirituais.
Liam, escreviam, registravam e ensinavam.
Tinham autonomia financeira, espiritual e corporal.
Ser mulher e ter poder — sem o intermédio da Igreja ou de um homem — era insuportável para o sistema. Elas foram, então, associadas ao mal, à feitiçaria e à heresia, numa das campanhas mais cruéis de apagamento feminino da história.
🔥 A Caça às Bruxas: um feminicídio histórico
Nos séculos XV a XVIII, especialmente na Europa, mais de 60 mil mulheres (algumas fontes indicam até 100 mil) foram executadas como bruxas. Muitas vezes, sem provas. Bastava uma vizinha acusar, ou a mulher viver sozinha, ou ser viúva, ou ter um gato, ou falar com plantas, ou simplesmente ser diferente.
Elas eram torturadas, queimadas vivas, afogadas, estupradas. A “caça às bruxas” foi um feminicídio sistêmico disfarçado de purificação espiritual, que escondeu o verdadeiro motivo: silenciar mulheres que sabiam demais e viviam livres.
🧙🏽♀️ E o chapéu pontudo?
As mulheres que faziam cerveja usavam chapéus pontudos para serem vistas nos mercados e usavam caldeirões para fermentar a bebida. Os gatos caçavam os ratos dos grãos estocados. Tudo isso, anos depois, foi demonizado.
🌕 E hoje?
Hoje, ao recontarmos essa história, não é para cultivar revolta — mas para curar a ferida e resgatar a memória. Quando uma mulher hoje acende um incenso, escreve seu sentir, planta suas ervas, faz sua própria renda, medita ao luar, dança por liberdade — ela está reconectando-se com essas raízes. Reverenciar essas mulheres é honrar a ancestralidade que pulsa em nós. Aquelas que foram queimadas por serem fortes, livres e intuitivas agora voltam em cada uma que ousa ser si mesma.
Se você sente que carrega esse fogo em si — a escrita como canal, a espiritualidade como caminho, e o cuidado como missão — saiba: você também é herdeira dessa força. Com amor e consciência,Centro Prosaterapia✨



Comentários